Dizem por aí que o Tempo é o Senhor de todas as coisas. Atleta que usa sempre o mesmo ritmo, incansável, incessante, sem arrependimentos nem pudor, sem medo. Houve-se a respiração ansiosa dos ponteiros. Ao compasso da sua melodia há amor mas também dor. Para muitos o Tempo é figura idolatrada, para outros as trevas. O desejo de o parar é útil para uns, para outros pura castração.Percorre-se caminhos sem destino e não se quer este companheiro. Existe o pânico de que seja Tempo a mais. Ao deixar rastro apercebe-se dos seus aliados, a Espera e o Desespero, um apreensivo, o outro deprimido. Ambos tímidos, enrrugados e de pele seca. Já não acreditam na vida como antes. Temem o Tempo. O Tempo que os estagnou mas que muito lhes ensinou. Já se pensa que não há muito a fazer no momento do que arriscar. Medo dos riscos e feridas. Desconsolo na mão. Voz trémula e triste. O olhar é escondido.
Ainda há caminho a percorrer, a única esperança.