Começa a sentir-se uma nuvem cinzenta que promete aguaceiros e trovoada. Efectivamente manifestam-se as previsões - a descompensação! São os ataques climatéricos no seu melhor (entenda-se pior), são os alertas amarelos, laranjas e por aí fora que chegam constantemente ao encéfalo dos que estão no centro e periferia. Uma tempestade que por ser brutal tende a ser de imediato amenizada e circunscrita - a compensação. O tão esperado aconchego equilibrado, solto e fluido.
É o afecto que nunca é o suficiente, precisa-se constantemente de reforço em quantidades industrializadas, é a carência que volta num ápice como que de um fôlego se tratasse, é o querer ver viradas todas as atenções possíveis e imaginárias numa única direcção.
A turbulência é necessária para que a abonança tenha um sabor especial.
Pois sim, trata-se de episódios pessoais, mas não, não sou bipolar, mas tenho pólos extremos de humor, como toda a gente.
Estou compensada, e o resto virá por acréscimo!
Está sol e eu vou espreitá-lo.
Papi és grande!
Estavamos a precisar de uma actualização!
Senti um arrepio e senti que fiquei sem jeito quando, depois da magia do primeiro casamento vivenciado juntos, te viraste para mim e afirmaste: "os próximos somos nós".
NÓS
EU + TU = NÓS
NÓS
Mesmo que depois destes casamentos hajam outros mais sem ser ainda o nosso, o importante é que em cada dia celebramos uma especial união, a nossa, aquela que deriva da junção do meu Eu com o teu Eu, com manifestações "os próximos somos nós". E nada mais importa.
Sinto falta dos dias agitados, das correrias para cumprir horários a séria, dos mil e muitos queixumes das pestes, dos problemas que eu ajudava a consertar, das boas atitudes que eu torcia para que proliferassem, dos muitos "dos" que poderia passar a enunciar. Principalmente e sinceramente sinto falta da aprendizagem a que era submetida diariamente, das confrontações ao meu ego, sinto falta das auto-reflexões impingidas, à velocidade da luz, por todos os segundos de cada minuto. Sinto falta das minhas próprias lamentações, ansiando angustiosamente por uns momentos onde pudesse, sem obstáculos, recompor a sanidade mental que me é e tem de ser inerente.
Sinto falta de sentir as compensações, mesmo que tardias, daqueles que, genuinamente o que necessitam é dos afectos, das oportunidades para os aprender a receber e manifestar. Sinto falta de me sentir útil naquela construção diária e "requintada".
Apesar de sentir tanta falta de tanta coisa, sinto-me a caminhar para uma maior e melhor complexidade. Sinto porém, que estarei mais apta para tantos outros curto-circuitos, e que de veras, enfrentá-los-ei de forma mais serena, perspectivando as circunstâncias não como partes isoladas mas como um todo, não vou pôr de mim o que me causa sofrimento ou frustração. Vou pôr de mim aquilo que realmente eu sou, sem curtas ou extensas influências. Vou querer descobrir e entender a causalidade. Vou querer suavizar as consequências. Vou querer ser bem melhor porque sei que sou capaz, porque todos somos capazes e possuidores de dotes para recriar e fazer render.
Sinto falta do que, mesmo em stresse, me faz verdadeiramente crescer.